As pessoas olhavam de lado.
Quando se olhava ao espalho pensava, “será a minha aparência?”. Passado uns tempos a pergunta transformara-se agora numa afirmação “estou gorda, estou horrível!”.
Aí as coisas mudam, ela deixa de comer, as coisas pioravam, perguntas como “o que faço aqui? Porque existo? Porque é que sou assim?” já faziam parte do quotidiano. Quando ela estava sozinha era um conjunto de dores e sacrifícios, inúmeras vezes tentou coisas horríveis, das piores que possam imaginar, a tentativa de morte estava presente nos maiores momentos de dor e angústia, só queria desaparecer.
Dava por si despida, com medo da roupa que dizia não lhe ficar bem, estendida no chão em lágrimas, arranhada, cortada, um farrapo. Passou dias seguidos sem comer nada. Dormir? Só com pesadelos. Depois as pessoas olhavam e comentavam, com pena, dizendo que estava magríssima, mas ela.. ela não acreditava, achava o contrário. Cada vez mais magra, sem forças, caia pois já nem de pé conseguia estar. A mentira estava sempre lá, quando dizia que comia num lado e não comia há dias.
Deu por si sozinha, deitada numa cama, doente, mal se conseguia mecher só lhe apetecia vomitar, tentava comer mas o corpo rejeitava tudo. Para piorar as coisas, teve uma depressão, sozinha tentou ultrapassá-la mas não estava a ser capaz, com ajuda de amigos aos poucos foi passando por isto e curando as feridas.
Uma vez perguntaram-lhe: "Quais as 5 qualidades de que mais gostas em ti?
E ela ficou sem saber o que dizer. No rosto de quem a questionou viu a mágoa com que recebeu o seu silêncio.
Nem sequer de uma qualidade se lembrava, só sentia a cabeça a andar à roda.."
Acho que conheço esta história,bem demais @ ly
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