terça-feira, 27 de abril de 2010

só uma flor .

(Parágrafo)
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"Eu deixei secar aquelas clandestinas gotas que me deixas-te cair por o rosto como que um vento arduo e expressivo ao som de um eco de colinas.
Fui tão pequenina. Pareceia uma flor, uma pequena flor. Daquelas que se vão esvoaçando com o vento tão breve e suavemente. Uma flor, ou melhor, uma semente de flor. "


Foi a flor que apanhas-te, essa, sim, que deixas-te a crescer.
Todos os dias apanhavas uma, no outro outra, e naquele era eu. Mas não, não me apanhas-te. Ficas-te com um brilho nos olhos, não sei se do sol, se da corrente que passou. E assim, todos os dias me procuravas no mesmo recanto daquela colina.
Não sei que obesseção foi aquela, se é que algum dia chegou a sê-la.
Ao fim daquele tempo partis-te, sossurras-te enquanto te estendias na relva, molhada pela chuva, tão viva e tão verde, que ias de viagem.
Uma semana depois estava eu a tua espera.
Um mes depois estava eu a tua espera.
Um ano depois estive eu a tua espera.
...

Mas tu não chegavas.

A verdade, é que não te esperei só quando disses.te que ias embora.
A verdade é que te esperei desde que te vi a primeira vez.
Mas a maior verdade, é que o vento daquela colina passava por ali todas as tardes ao por do sol, e nós eramos muitas. Todas 'iguais'. Mas tu achas-te que eu era diferente.
Vou contar-te um segredo...

Eu estou apenas a falar contigo neste momento, porque ainda hoje me tens no teu pensamento e é comigo que desabafas. Agora é a minha vez de te sossurrar ao ouvido: 'todos os dias, ou melhor, cada vez que me vias eu era uma flor diferente. No fundo o que te quero dizer, é que naquela tarde te prendes-te a mim e não, não fui eu que te fiz brilhar, mas sim aquele fim de tarde. A verdade, é que todos os dias era uma flor diferente que estava no meu lugar. Eu abalei no dia eu que me viste ao anoitecer quando a corrente soprou. Aquelas eram as outras flores daquele 'jardim'. Eram elas que vias todos os dias e pensavas ser eu. Foi assim que não me viste só a mim, mas sim a todas elas da mesma forma. Viste como todas nós somos bonitas, como todas nos brilhamos, e como é possivel admirar-nos uma a uma, mas cada uma com uma folha a menos das lágrimas que nelas deixas tocar com tanta dor, que secam e caiem. '

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