segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Cabaré

[Um pouco disto]

Os casais trocam caricias, as meses estão cheias, mas mesmo assim ainda há uma fila enorme a porta. Faltam dez minutos... Por fim o espectáculo começa.
Não há mesa que não tenha um copo de vinho cheio e uma cigarrilha a mão. Chiuuuuu.. O espectáculo começou.
As bailarinas dançam com pequenos vestidos, de salto alto, claro, com os olhos muito pintados e labios vermelhos cobertos de sedução. Dão voltas, e voltas, e mais voltas até deixar todo o publico louco.
As mãos começam a descer das mesas, para as pernas. Os vestido levantam e como se nada fosse, o copo de vinho e o cirgarro sempre na mão para disfarçar. Aos poucos a sala vai vasando. Os quartos do hotel começam a encher, e mais gente vai entrando à espera da sua vez.
Os casais estão loucos, e no fim voltam todos aos seus lugares. O espectáculo está a acabar, não podem dar nas vistas, todos arranjados, elas com o seu pó de arroz e batom encarnado, eles com os sapatos envernisados e um laço ao pescoço.
O espectáulo acabou. Devagar todos solicitam as artistas, e algumas vão desaparecendo, outras vão pro camarim, mas...
Uma delas, senta-se sempre na mesma mesa do bar, com a mesa cheia de rosas vermelhas, um copo, uma cigarrilha. Com a cara borrada. E olha à volta.
Toda a vida se havera dedicado a algo tão belo, tão atraente, sensual, a uma vida de sedução e dança. Essa vida chegou ao ponto que a estragara. O seu corpo ficou velho, as rugas subressaiem.se, as pernas estão já fracas para aguentar os sapatos de salto, e as luzes começam a apoderar.se da sua cegueira em palco.
Era o seu último dia.
Como se por coincidência soubesse disso, dançou uma última vez no palco como se fosse a primeira vez que o pisava, e morreu com a rosa mais viva daquele ramo presa no cabelo, o vestido rasgado das traças do armário de todos estes anos, e com o aroma do perfume que tivera sempre daquele cabare.

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